Paralisação atinge 95% das instituições de ensino, mas governo não negocia
Por Aray P Nabuco
Caros Amigos
Com quase 2 meses de greve, professores das universidades federais ainda esperam um
posicionamento do governo, que até esta quarta-feira (4) não havia sequer
sentado para negociar com o sindicato. A greve por tempo indeterminado começou
em 17 de maio com professores, mas ganhou a adesão de estudantes e servidores e
já atinge 95% das instituições federais de ensino (veja mapa abaixo),
segundo dados do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
(Andes).
"Não é um descaso, é uma falta de responsabilidade do governo", avalia a presidente
do sindicato, Marinalva Oliveira sobre o vazio deixado pelo governo federal na
mesa de negociação. Para Marinalva, na verdade, sequer há uma 'mesa de
negociação' pois a única reunião que havia sido marcada entre as partes, no dia
19 de junho, foi cancelada pelo governo e ainda não foi remarcada. "Tivemos uma
reunião logo no início e o governo pediu trégua de 20 dias. Foi marcada uma
reunião para o dia 19, mas no dia 18, o governo enviou documento que marcaria
nova data para a reunião, mas não marcou", diz, acrescentando que "a
responsabilidade da greve é do governo porque ele não está negociando." Além das
aulas, a greve atinge o atendimento em hospitais universitários e laboratórios
de pesquisas.
Falta de políticas públicas
A omissão do governo, para ela, mostra a falta de políticas públicas para a
Educação. "A crise é de ausência de políticas públicas. As pessoas ficam na fila
nos hospitais (universitários), faltam livros nas bibliotecas, faltam
laboratórios, as salas de aula estão superlotadas, com até 90 alunos", afirma
Marinalva.
Na tentativa de pressionar o governo para uma negociação de fato, os professores
fazem várias manifestações e protestos - nessa semana fizeram m um café da manhã no prédio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MPOG), responsável por avalizar a pauta de reivindicações nos quesitos
reestruturação do plano de carreira e salário; o MPOG diz que tem um projeto de
reestruturação, mas não o apresentou ao sindicato. Os professores, junto com os
comandos de greve dos estudantes e servidores, organizam uma marcha nacional até
Brasília (DF) para o dia 18 deste mês de julho.
O sindicato entregou a pauta de reivindicações e considera que a palavra agora
está com o governo, que não se manifesta. "Não temos nada, nenhuma
contra-proposta do governo", diz Marinalva. "A questão não é falta de dinheiro.
É falta de prioridade para a educação".
10% do PIB
Marinalva também falou da aprovação pela Câmara dos Deputados do Plano Nacional da
Educação (PNE), cujo texto prevê a destinação de 10% do Produto Interno Bruto
(PIB) para a educação. O aumento no índice seria escalonado até 2023. "Não é uma
conquista, nem nenhum avanço isso daí", diz a presidente do Andes. "Nós pedimos
10% do PIB para a educação pública. E o projeto como está envolve o ProUni,
Reuni e só vai ocorrer até 2023", avalia.
Manifestações
O sindicato tem marcado novas manifestações em todo o país. Entre os dias 9 e 13,
ocorrem protestos estaduais com o tema Copa, nos locais simbólicos onde ocorrerá
a Copa do Mundo de Futebol. Entre 18 e 20, servidores públicos acampam na
Esplanada dos Ministérios e, dia 18, ocorre a marcha nacional em Brasília.
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