Em mais uma estratégia para tentar abrir as negociações com o governo, o ANDES-SN e
o Sinasefe reuniram-se na tarde desta quarta-feira (11) com o
secretário-executivo e ministro interino da Secretaria Geral da Presidência,
Rogério Sottili. Na ocasião, a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira,
afirmou que a categoria está indignada com a falta de respostas à pauta de
reivindicações apresentada ao governo. Sottili disse, então, que a
Secretaria-Geral vai ajudar a reconstruir um espaço de diálogo entre os
servidores e o governo e que levará ao conhecimento da presidente Dilma a carta
protocolizada nesta quarta no Palácio do Planalto.
Sottili disse, ainda, que conversará com o Ministério do Planejamento sobre as demandas
apresentadas na reunião. “Estamos aqui para ajudar nesse processo, mas é o MPOG
quem coordena as negociações com os servidores, nós não temos autoridade para
negociar”, lembrou. Além de Marinalva, o ANDES-SN também estava representado na
reunião por Gicelma Chacarosqui, do Comando Nacional de Greve. Pelo Sinasefe,
estavam um dos coordenadores gerais da entidade, Gutemberg Nascimento, além de
Cezar Laurence e Wanderlan Porto.
"É preciso que haja uma resposta à nossa pauta, pois a demora só aumenta o
desgaste do governo e a indignação na nossa categoria”, afirmou Marinalva,
lembrando que o Sindicato só tem notícias da possível proposta do governo via
imprensa. Ela disse, ainda, que há um vazio e um silêncio muito grande. “O
Ministério da Educação diz que a negociação está nas mãos do Planejamento, mas
hoje encontrei casualmente o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio
Mendonça, e ele disse que não tinha autorização para apresentar uma proposta.
Nesse caso, quem tem?”, questionou a presidente do ANDES-SN.
"Se Mendonça ainda não apresentou uma proposta é porque o governo está analisando
as implicações da crise internacional”, respondeu Sottili. “Mas, o Planejamento
tem se debruçado sobre a pauta de vocês diariamente”, afirmou.
O assessor especial da secretaria geral, José Lopes Feijoo, que também participou
da reunião, perguntou se haveria outros pontos da pauta que não estavam
relacionados diretamente à pauta salarial. Marinalva lembrou que o segundo item
da pauta eram as condições de trabalho, que ficaram precarizadas com o Reuni.
Ela disse, ainda, que faltam professores e servidores, além de laboratórios, e
que os professores estão adoecendo devido à excessiva carga de trabalho, sendo
essa uma das razões de a greve estar tão forte.
Laurence, do Sinasefe, informou que o curso de mineração de Nova Valença, no Espírito
Santo, está para fechar por falta de professores de engenharia. “Nenhum
engenheiro quer ganhar R$ 2,2 mil reais por 40 horas semanais em sala de aula”,
disse.
Houve um momento de tensão na reunião, quando os dois representantes do governo
afirmaram que iam levar à presidente Dilma o teor da pauta dos docentes. Para a
presidente do ANDES-SN, era impossível o governo não conhecer a pauta dos
docentes, já que a categoria está em greve há quase 60 dias. Também foi
perguntado aos representantes do governo qual era o tempo do governo para
negociar, já que os docentes tinham pressa para iniciar as negociações.
Sottili e Feijoo não quiseram se comprometer com uma data, mas afirmaram que entrariam
em contato com o MPOG e que dariam uma resposta aos servidores. Tanto os
representantes do ANDES-SN, quanto do Sinasefe, afirmaram que a greve ia
continuar cada vez mais forte.
Marinalva Oliveira afirmou que a ameaça de corte de ponto não enfraquecerá a greve. Ela
lembrou que em 2001 o ministro Paulo Renato solicitou aos reitores os nomes dos
técnico-administrativos e professores em greve. Como eles não enviaram, o MEC
cortou o ponto de todos, grevistas, ou não. O ANDES-SN entrou na justiça contra
a decisão e o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de
Melo, mandou prender o ministro, que teve de valer-se de um habeas corpus.
“Infelizmente, a presidente Dilma está tomando a mesma atitude do governo FHC,
solicitando aos reitores os nossos nomes, espero que o final da história não
seja o mesmo”, afirmou a presidente do ANDES.
Enquanto os representantes do ANDES-SN e do Sinasefe estavam reunidos com na secretaria
geral da Presidência, um grupo de professores e estudantes faziam uma
manifestação na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto.
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